Capitulo 19: Coração a Coração

Capitulo 19: Coração a Coração

Uns dez minutos depois de Suimei e Lefille se reunirem, a caravana partiu sem atrasos.

A viagem deles teve um começo. Se o resto da viagem continuasse sem quaisquer surpresas indesejadas, seria fantástico.

O que restava para eles agora, era seguir até Kurand enquanto mantinham os olhos na caravana. Quando se tratava de quão longe eles teriam que viajar, Suimei já tinha investigado isso.

Viajar entre Mehter e Kurand era uma viagem de aproximadamente seis ou sete dias. Por causa da proximidade da capital Mehter até a fronteira ocidental, o tempo que levava para viajar entre essas duas cidades ainda poderia ser visto como relativamente curto. Entretanto, para uma criança da era moderna, como Suimei, caminhar um dia inteiro era bem difícil.

Durante esse período, eles seguiriam a estrada de pedra através da floresta e planalto, montanha e bacia antes de finalmente chegar ao seu destino.

Para a viagem, Suimei tinha sido posicionado na extremidade traseira da caravana.

Aqueles mais dignos de confiança - veteranos da Guilda e mercenários de carreira - lideravam o caminho enquanto Suimei e os outros eram responsáveis por vigiar a carga.

Já que vidas humanas eram vistas como prioridade, eles foram informados que se algo acontecer, eles teriam que priorizar a segurança dos carroceiros ao invés da carga. Com uma tarefa diferente, Suimei atualmente estava caminhando ao lado de Lefille, que tinha tomado de forma semelhante a responsabilidade de proteger os bens da caravana.

Talvez por causa do constrangimento de antes, quando a viagem começou, Lefille se reservou, mantendo os olhos nos vagões, cavalos, e os seus arredores, apenas ocasionalmente quebrando o silêncio.

Lenta mas seguramente, no entanto, já que as suas idades eram bem próximas, assim como eles eram colegas que exerciam a mesma tarefa, conversa entre eles gradativamente esquentou.

Acompanhado pelos suaves sons dos cascos dos cavalos batendo contra a estrada, o giro das rodas das carroças, e a suave brisa soprando através das planícies, Suimei e Lefille conversamos um com o outro.

—E a Deusa Arshuna?[Suimei]

Ah, ela é o criadora do céu e da terra, aquela que mantém a existência desse mundo. Isso é o que a Igreja da Salvação ensina. Ela é a de mais alta posição, que está acima de todos os outros.[Lefille]

Entendo...[Suimei]

Suimei pensou enquanto ele ouvia as palavras de Lefille.

Enquanto eles caminhavam, Lefille explicou a doutrina da Deusa Arshuna. Quando eles se conheceram na guilda, eles já tiveram uma curta discutição sobre a igreja, e assim Suimei tinha percebido que tinha uma grave diferente em conhecimento quando se trata das crenças do povo desse mundo. Em algum momento desconhecido para ele, Lefille tinha tomado conhecimento dessa situação.

Assim Suimei tinha decidido que essa era uma oportunidade perfeita para que ela possa lhe ensinar alguns conhecimentos básicos.

E assim, parece que praticamente todos nesse mundo são crente da Altíssima Deusa, Arshuna.

Em outras palavras, não parece ter quaisquer outras deidades além de Arshuna.

Transformar o caos primordial da origem no mundo atual foi o trabalho de um deus.

Emprestar o poder dos elementos, e infundindo magia com esse poder era o equivalente a tomar emprestado o poder da Deusa. Embora os Mazokus adorem uma existência semelhante ao Deus do Mal, a Igreja da Salvação rejeita totalmente a ideia de que isso era um deus.

Além disso, mesmo que as nossas raças podem ser diferentes, todos reconhecem a existência da Deusa Arshuna, seja os espíritos, os anões, os homens-besta, ou a dragonewts (homens-dragão).[Lefille]

Hmm—[Suimei]

Lefille tinha inconscientemente apresentado um ponto de interesse para Suimei, que reagiu.

Têm alguma coisa errada?[Lefille]

Não, é só que a partir do que você disse, tribos semi-humanas também existem.[Suimei]

Bem, é claro... Espera, não existem da onde você é?[Lefille]

Somente em conversas.[Suimei]

Mesmo que ele tenha dito de um jeito vago, não era mentira. Quando se tratava de histórias de fantasia, a existência deles já era esperada. Essas tribos parecia ser uma parte normal da vida nesse mundo, e então a resposta de Suimei provavelmente foi boa.

Mesmo com isso, eu certamente não vi nenhum em Mehter—

Bem, então, você vai ter sua primeira chance de vê-los quando chegarmos Nelferia. Aquele lugar é um caldeirão de raças. Espíritos e dragonewts são um pouco raros, mas há vários homens-besta. Ah, isso me lembra, parece que nós saímos um pouco do assunto. Você tem alguma outra pergunta sobre a Deusa?[Lefille]

Não. Isso foi o suficiente por hoje. Obrigado, eu aprendi muito.[Suimei]

Respeitosamente, Suimei expressou sua gratidão à Lefille que tinha seriamente lhe ensinado sem a menor mostrar nem um pouco de impaciência.

Lefille deu um sorriso radiante, negando que seus esforços haviam sido dignos de agradecimento.

Não foi nada. Falando nisso, isso quer dizer que a Deusa Arshuna não existe no leste?[Lefille]

Hahaha, bem, pode-se dizer que não... Suimei respondeu vagamente.

"Existência" era uma palavra para coisas que eram concretas. Pondo isso de lado, o conceito acessível como elementos, para as pessoas desse mundo, a Deusa Arshuna não era algum tipo de conceito ambíguo, mas sim uma certeza.

Diante disso, talvez fosse mais apropriado para visualizar essa existência como um fenômeno natural.

Da perspectiva de um feiticeiro, "deuses" eram em grande parte apenas uma existência conceitual, uma força externa que intervinha com o mundo. Na prática, essa visão parecia ser mais ou menos essa.

Isso pôs um fim naquele assunto.

Suimei voltou seu olhar para Lefille, andando ao lado dele. Ao contrário da primeira vez que eles se encontraram, dessa vez ela estava carregando bagagem dela.

A garota carregava em suas costas um pacote grande o suficiente para caber a armadura que ela estava usando anteriormente, assim como uma grande mala.

... Aconteceu alguma coisa, Suimei-kun?[Lefille]

Ah, eu só estava pensando que essa mochila que você está carregando é bem grande.[Suimei]

Oh, isso? ela respondeu, olhando para trás.

Nas costas dessa garota, com mais ou menos a altura de Suimei, era uma mala extremamente longa - mais alta que ela era - enrolada em um pano.

Além disso, a julgar pela forma, talvez fosse—

Isso atrai bastante a atenção a primeira vista, para ser honesta. é uma espada, não é?[Suimei]

Sim.[Lefille]

Lefille confirmou a suspeita de Suimei. Parece que aquela coisa gigantesca era realmente uma espada.

Seu tamanho era impressionante, mesmo à primeira vista, e olhar mais só reforçava esse sentimento. Parecia o tipo de arma que era usada para cortar ursos gigantescos em dois.

Sem sombra de dúvidas, porém, de longe a coisa mais surpreendente era a força da Lefille, capaz de carregar tal peso nas costas enquanto caminhava, o tempo todo sem nem ao menos mostrar o menor sinal de cansaço ou suor.

Mesmo que ele tivesse visto anteriormente ela carregar uma espada fina, a divergência mental criada pela visão dessa enorme arma e o físico de uma jovem era simplesmente muito exagerado. Nesse sentido, como poderiam aqueles braços finos possivelmente suportar o inevitável peso maciço de uma coisa dessas? Falando nisso, se ela estava trazendo isso, ela definitivamente era capaz de usá-la. Talvez ela tivese uma magia de reforço semelhante ao "Burn Boost"  que o Reiji tinha usado lá no palácio.

Por que você escolheu algo assim para sua arma?[Suimei]

Mesmo deixando de lado a questão de saber se ela podia ou não empunhar essa espada enorme, essa não parece ser uma arma apropriada para uma jovem.

Em resposta a suas palavras, Lefille deu um olhar caloroso à arma em suas costas.

Esta é uma herança de família. Seu antigo dono era meu pai, de quem eu herdei.[Lefille]

Isso significa que você usou um outro tipo de arma no começo?[Suimei]

Não[Lefille]

Se era uma herança do seu pai, então tinha que ter uma época em que isso não estava em posse dela. Entretanto, Lefille negou essa ideia, balançando os braços como se a espada estivesse em suas mãos.

Eu me imergi na arte da espada desde que eu era apenas uma criança, sempre sonhando com o dia em que eu seria capaz de balançar uma espada como essa.[Lefille]

Eu acho que isso significa que você é bem confiante em usá-la Suimei perguntou, um pouco mal-humorado.

A resposta de Lefille foi sincera.

Hehe. Infelizmente, é por isso mesmo que eu não sou boa em mais nada, além da espada.[Lefille]

Que isso. Eu acho que você é bem incrível. Eu sei uma coisa ou duas sobre esgrima, mas quando se trata de usar uma espada assim, eu não tenho a menor confiança. [Suimei]

As palavras que Lefille usou para zombar de si mesma foram respondidas com um tom de respeito.

Espadas não eram algo que você usava simplesmente com força. Quando se tratava de cortar, então realmente a força do braço era um fator-chave, mas as habilidades de verdade em batalha eram outra coisa. Efetivamente empunhando uma espada em batalha não apenas exigia uma certa quantidade de força, mas também controlar o corpo para fazê-lo se mover como você quer..

De qualquer forma, quando Suimei falou da sua incapacidade de usar tal arma, o principal motivo era que o seu peso e tamanho eram além da capacidade que o seu corpo pudesse suportar.

Era provavelmente por causa de domínio de Lefille de uma espada assim que ela a tinha escolhido como sua arma principal.

Era também provavelmente a razão pela qual ela usou as palavras que vinham a seguir

—Não é nada de especial. Com um pouco de prática, qualquer um pode ser capaz de cortar um semi-gigante em dois com isso.[Lefille]

...[Suimei]

Eu acho que eu não escutei muito bem o que ela acabou de falar. Lefille tinha acabado de falar algo insano com um tom bem casual. Sério, não há a menor chance de você poder aprender a cortar um semi-gigante - um ser capaz de destruir um muro da cidade com os seus punhos - em dois com apenas "um pouco de prática"! De acordo com o que tinha falado, que ela tinha derrotado o semi-gigante apenas com a ajuda de seus companheiros, não foi nada além de uma modéstia vazia.

Isso quer dizer que essa jovem não tinha sequer chegado perto de ir com tudo na sua batalha de qualificação. Comparando sua habilidade com a de um mestre espadachim do seu mundo, isso a colocaria em um plano de existência completamente diferente.

Enquanto Suimei balançava a cabeça, Lefille aproveitou a oportunidade para fazer uma própria.

Suimei-kun, eu posso te perguntar a sua especialidade.[Lefille]

Eu não ouvi nada. Eu não ouvi nada! —Eh?[Suimei]

Suimei-kun? Está tudo bem?[Lefille]

Eh? Oh, ohhhh, eu, bem... Basicamente isso.[Suimei]

Finalmente percebendo que o tema da conversa tinha mudado, Suimei mostrou sua resposta, ao invés de falar.

Para fazer ficar mais fácil dela entender, ele concentrou mana na palma da mão dele.

Isso fez com que a resposta se tornasse aparente. Lefille, que tinha pergunta sem realmente pensar, mostrou uma expressão de entendimento.

Magia, certo? Bem, acho que já que você é um mago, isso deveria ter sido bem óbvio.[Lefille]

Mesmo falando isso, quando eu comecei, tinha uma época em que não fazia menor ideia do que eu estava fazendo.[Suimei]

Não fazia ideia?[Lefille]

A pergunta de Lefille o fez pensar um pouco antes de responder, um sorriso um tanto perplexo apareceu em seu rosto.

Sim, Lefille, quando você começou a aprender a usar uma espada, o que eles te falaram?[Suimei]

—Hmm, bem, sempre tinham essas longas lições que sempre começavam da origem de tudo isso, levando até a razão pela qual foi necessário que eu usar uma espada, etc. Meus ouvidos praticamente sangraram depois de eu ouvir isso tantas vezes ela responder, brincando um pouco.

Até mesmo a origem das espadas era um ponto de instrução isso mostrou apenas a história por trás de tudo.

Como Suimei imaginava essa cena em sua mente, ele se lembrou de como era quando ele começou a aprender magia.

Isso era uma coisa de muitos anos no passado. Quando ele era jovem, seu pai o levou para uma sala na casa deles, onde era proibida a entrada e lá—

.. Meu pai não era do tipo que fala muito. Eu nunca tive uma experiência como a sua. É só que, desde o início, ele me disse que isso era algo que eu tinha que dominar.[Suimei]

Ele nem te deu um motivo?[Lefille]

Bem, pelo menos isso ele fez. Entretanto, não era um motivo que uma criança poderia entender. Além disso, eu nunca tive a intenção de pergunta, e por isso ele nunca falou sobre isso. Infelizmente, por esse mesmo motivo, não foi até ser tarde demais que eu ouvi a resposta do meu pai.[Suimei]

O seu tom de voz era um nostáugico enquanto ele falava, como se a cena das suas memórias estivesse se repetindo diante dos seus olhos.

De fato, quando ele ouviu o motivo, ele já tinha começado a trilhar o caminho de um feiticeiro à muito tempo. Era totalmente possível que se "aquele incidente" não tivesse acontecido, seu pai teria levado essa resposta com ele para o túmulo.

Pensando assim, ocorreu a ele que talvez a razão pela qual o seu pai havia lhe ensinado magia foi que ele tinha visto isso como a única coisa que ele poderia fazer pelo seu filho como um pai.

Está realmente tudo bem? Lefille perguntou.

Sim. Eu gostei de aprender magia. Não é algo que eu me arrependo. Mesmo que eu tenha que dizer que trouxe me trouxe uma boa quantidade de sofrimento também.[Suimei]

É mesmo? Lefille falou isso com uma risada, pensando que o que acabou de ser dito também era de seu interesse.

... Mm? Eu disse alguma coisa estranha?[Suimei]

Não, é só que eu fiquei surpresa de encontrar alguém como eu.[Lefille]

De fato, era isso.

Que nós dois somos pessoas com um peso nas costas, isso é algo que eu definitivamente posso concordar.[Suimei]

Definitivamente[Lefille]

Lefille acenou com a cabeça. Parece que as palavras dele tinham acertado bem no alvo. Ela também deve ter encontrado mais do que alguns obstáculos enquanto ela avançada no caminho da espada.

Enquanto ele refletiu, um pensamento parecia ter vindo à mente de Lefille.

—Isso me lembra, Suimei-kun. No final, que rank eles te deram?[Lefille]

Ahh— Me foi dado um rank-D[Suimei]

A resposta dele a deixou atordoada.

... Por quê? Eu, que os derrotou em sequencia, sou um rank-B. Como é possível que você, que os derrotaram simultaneamente, é um rank-D?[Lefille]

Yeah, quanto a isso...[Suimei]

O que as palavras dele a fizeram pensar? De repente, como se ela tivesse chegado a uma conclusão, os olhos dela ficaram afiados. O tom de voz de riso que ela tinha usado até agora de repente se tornou frígida.

Então é assim que as coisas são. Então até mesmo uma organização tão renomada como a guilda faria algo assim. Hmph. Eu nunca teria imaginado que eles iriam manipular diretamente os ranks da guilda para salvar alguns cara...[Lefille]

O que...?[Suimei]

O mal-entendido súbito e completo dela deixaram Suimei confuso. Ele nunca teria imaginado que ela iria chegar a tal conclusão.

Bem, não é isso o que aconteceu? Essa que parece ser a única conclusão lógica?[Lefille]

Não, não. Mesmo que eu não possa negar esse raciocínio, mas ainda...[Suimei]

Não, eu não posso aceitar uma coisa dessas. Quando nós chegarmos a Kurand, vamos ir direto para o escritório da filial e fazer uma queixa. Não se preocupe, eu vou com você. Se eles tentarem fazer alguma coisa de novo, eu vou agir como testemunha e fazê-los realizar o exame mais uma vez.[Lefille]

Com isso, Lefille murmurou, "Certo, vamos fazer isso", e outras coisas assim para si mesma.

Isto totalmente não é problema dela, por que ela se importaria tanto? Parece que Lefille era o tipo de pessoa que não deixaria passar atos de injustiça.

No final, quando veio a tona o fato que ela estava falando sério sobre ajudar Suimei a "trazer a verdade à luz", algo que ele não podia deixa-la ela fazer.

Em vez disso—

... Para falar a verdade, o meu rank-D é algo que eu pessoalmente pedi para aqueles três. É por isso que o meu rank é tão baixo.[Suimei]

O que ele disse era algo totalmente absurdo para Lefille, que franzindo a testa olhou para ele em confusão.

Você pediu por isso? Por que você faria algo assim?[Lefille]

Quando Dorothea disse que eu iria ganhar uma reputação, isso me fez para pensar.[Suimei]

Mesmo que a explicação dele tivesse sido bem superficial, na verdade, ele não conseguiu explicar de uma forma melhor.

Entretanto, assim como na sua conversa com Galeo anteriormente, tinha que ser dito que suas palavras não eram exatamente uma mentira. Certamente, uma alta classificação não era necessariamente uma coisa boa.

Não posso dizer que eu possa ver Lefille sendo convencida só por isso, entretanto... Ele suspirou por dentro. Entretanto, Lefille parecia ter inesperadamente levado suas palavras ao pé da letra.

Está realmente tudo bem para você? Uma alta classificação é uma coisa bem valiosa até mesmo em Kurand e Nelferia, sabia? Não têm realmente nada a ganhar ao possuir uma classificação tão baixa.[Lefille]

Isso realmente era verdade, se ele planejasse viver fazendo os trabalhos providenciados pelo Pavilhão do Crepúsculo. Entretanto, esse não era o caso.

Eu não estou realmente pensando tanto em trabalhar para guilda, mas eu não posso dizer que eu também quero ser pobre. Está tudo bem. [Suimei]

... Exatamente o que você planeja fazer ao ir de Kurand até o Império?[Lefille]

Bem, coletar um pouco de informação; Eu acho.[Suimei]

Informação?[Lefille]

Vindo do leste, ainda tem muito que eu não sei sobre as coisas aqui. Eu preciso aprender[Suimei]

...[Lefille]

Seu raciocínio inofensivo foi respondido com um olhar silencioso.

Ela o observou de perto, apertando o olhar aparentemente vendo através dele, interpretando o verdadeiro significado das duas palavras e expressão.

Quando se tratava de Lefille, Suimei estava determinado se fingir de bobo até o fim.

Eu falei alguma coisa estranha?[Suimei]

Não, eu só estava tentando decidir se você estava mentindo agora. —Na Verdade, "mentindo" é a palavra errada. Você não estava mentindo, mas você também não estava falando toda a verdade.[Lefille]

Como? Suimei não achou que tinha nenhum furo lógico no que ele disse agora pouco.

... E porque você acha isso? ele perguntou com um sorriso irônico, e um tanto surpreso, na cara.

Intuição feminina.[Lefille]

De novo com essas coisas inconsistentes.[Suimei]

Hehe, na verdade, eu só estava brincando. Com isso dito, eu conheci várias pessoas, então eu posso ver através de uma coisa ou duas, ela falou isso explicando, simultaneamente elogiando a si mesma. —Você não mentiu para mim, mas você certamente está escondendo um monte de segredos. Disso eu tenho 100% de certeza.[Lefille]

... Talvez.[Suimei]

Em resposta ao comentário perspicaz de Lefille, Suimei deu uma resposta vaga e enquanto balançava os ombros. Não havia necessidade para arduamente rejeitar palavras dela. Deve estar tudo bem.

... Tudo bem, então. Isso não parece ser algo que eu deveria ficar metendo o meu nariz. Eu não vou falar mais nada sobre o seu rank. ela disse finalmente.

Não precisa se preocupar com isso. E obrigado.[Suimei]

Mesmo que superficialmente, Suimei estava se desculpando, mas ele não estava realmente não sentiu muito pelo jeito com que ele lidou com o problema. Afinal de contas, ele era um feiticeiro, e feiticeiros eram o tipo de pessoas que frequentemente faziam aqueles que eram honestos e justos se sentirem culpados. Por isso, ele realmente não precisava se desculpar com Lefille, que era exatamente essa pessoa.

De repente, um som chamou a atenção dele.

—Oh, hora de descansar.[Suimei]

Naquela area lá, huh Lefille disse depois de uma olhada rápida.

Ao lado da estrada, tinha uma pequena área que havia sido renovado, e mesmo que possa ser um pouco de exagero para uma área que simplesmente tinha algumas pedras que poderiam ser usadas como bancos. Ela parecia ter sido projetada como uma parada de descanso ao longo da estrada.

Mesmo que sua conversa com Lefille tivesse finalmente chegado a um clímax, se tivessem continuado ainda mais, só iria trazer mais problemas, Suimei pensou consigo mesmo enquanto ele e Lefille seguiam os outros até o local de descanso.

Quando de repente—

...?[Suimei]

Ele acabou de ouvir um grito?

Mesmo que o barulho não tivesse vindo de tão longe, mas também não tinha vinde tão perto. Olhando em direção do barulho, ele viu uma jovem vestindo um robe acenando de perto da margem do lago.

Ao lado dela estavam reunidos alguns que pareciam ser os seus companheiros. A jovem era uma maga, enquanto os outros eram guerreiros, espadachins e arqueiros.

A julgar pelos que estavam reunidos, eles seriam como um grupo balanceado de um jogo, despertando o interesse de Suimei. Com isso dito, ele certamente não os conhecia.

Esses são os companheiros que derrotaram o semi-gigante comigo.[Lefille]

Ohh, então são eles.[Suimei]

O comentário de Lefille fez a confusão desaparecer. Então esses são os aventureiros da guilda que foram mencionados anteriormente, huh.

Nós estávamos em muito bons termos quando estávamos juntos. Nós tivemos algumas interações antes.[Lefille]

Enquanto Lefille explicava, a jovem juntou as mãos na boca como um megafone. A julgar pela suas ações, ela parece achar que eles não tinham ouvido ela.

Eu acho que eles estão te chamando.[Suimei]

Parece que sim. eu vou pra lá um pouco ela respondeu antes de ir em direção deles.

Diantes dos olhos dele, ocorreu um reencontro alegra.

Companheiros, huh... ele murmurou.

Se ele tivesse que ser honesto consigo mesmo, essa visão o fez ficar com um pouco de inveja. Mesmo assim, esse era sem sombra de dúvidas um caminho que ele tinha escolhido para si mesmo. Ele não tinha o direito de sentir tal sentimento.

Ele respirou profundamente, como se para limpar o sentimento desnecessário do seu corpo, quando uma sensação repentina o fez coçar o pescoço.

...[Suimei]

... Ele não tinha certeza do porquê, mas desde que ele tinha deixado Mehter, as costas dele às vezes ficavam estranhamente quentes. Mas não era uma sensação nem um pouco boa - talvez um mau presságio? Qualquer outra pessoa teria provavelmente ignorado essa sensação, determinado que eles só estavam pensando demais nas coisas. Entretanto, quando Suimei tinha sentido isso no passado, era sempre um mal presságio. Ele tinha a sensação de pai dele tinha explicado uma vez a razão por trás desse fenômeno, mas por mais que tentasse, ele não conseguia se lembrar.

... Num instante, ele se concentrou em seus arredores, mesmo que ele tivesse achado nenhuma sugestão que indicasse que alguém estive perseguindo-o.

Eu acho que eu me preocupei com nada, decidiu, descartando aquela linha de pensamento enquanto ele olhada para o céu.

O vento estava soprando para o oeste. A brisa suave e refrescante batia em seu corpo, trazendo consigo o ar desse outro mundo - leve e intocado pela poluição - fazendo com que o seu coração ficasse à vontade.

O tempo parece estar dando a sua bênção, desejando-lhes uma viagem tranquila e sem incidentes, uma atmosfera sem o menor sinal de perigo.


E ainda assim, por algum motivo desconhecido, enquanto ele olhava para o céu sendo engolindo pela estrada à frente, ele não conseguia parar de sentir que o o vento e as nuvens estavam lentamente mas certamente passando por uma transformação.

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